2008-06-01

Cansaço

O cansaço leva-me a pensar em possibilidades. Por exemplo, o que teria acontecido, como seria eu agora se tivesse estudado outra coisa? Será que eu estaria bem se a minha mãe tivesse apoiado a minha ideia tonta de querer ingressar no exército?

Há mais questões. Que tal… Se eu fosse uma pessoa mais aventureira viveria mais feliz? Se desse menos importância ao que os outros me dizem continuaria a saber ouvir?

Por que é que não devemos ter ídolos? Penso nisto muitas vezes. Eu devo ter uma meia dúzia deles e realmente percebo que muitas vezes se eu não os tivesse era uma pessoa mais livre. Não me preocupava com os seus actos. Não me aborrecia com os seus erros. E as minhas alegrias dependeriam única e exclusivamente de mim, da minha vida real. Mas os ídolos também são reais. São pessoas. Têm vida. Será que a vida dos nossos ídolos está assim tão deslocada da nossa realidade? Muito provavelmente sim.

Alguns dos nossos ídolos têm muito poder e, desse modo, encaram naturalmente a vida de uma maneira mais ambiciosa. Outros têm muito dinheiro e não se preocupam com nada que seja comprável, gozando de luxos estupidamente fúteis ou incrivelmente desejáveis. E depois há também aqueles ídolos que são geniais. Têm um dom e destacaram-se com ele. Esses são aqueles que invejo mais e que mais pena tenho que sejam apenas ídolos e, como tal, inatingíveis. No entanto, os ídolos são imagináveis. Aliás, uma boa parte do que é um ídolo é imaginado por nós, transformando-o numa personagem nem sempre fiel à sua realidade.

Um ídolo não é um santo. Um santo foi um ser humano, mas já não vive; um ídolo nem sempre tem uma história heróica irrepreensível, como as dos santos; e podemos comprar uma imagem de um santo para todos os dias lhe pedirmos algo.

Vou continuar a gostar dos meus ídolos, quer eles queiram ou não queiram, estando longe ou perto.

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